Andava sempre descalço, subia as árvores, fazia grandes buracos na terra, andava numa bicicleta que nem conseguia subir, empurrava pneus em corridas, fazia escorregas de canas, construía comboios com latas de atum, apanhava lagartixas para passear, ia aos pomares roubar fruta para comer, via na RTP os filmes dos cowboys e dos índios e......
Agora sou homem crescido.
E mal subo as escadas, buracos só faço na conta bancária, mal cabo no carro, corridas só quando estou atrasado, escorregar só quando saio do carro, latas de atum só na marmita, a passear se apanhar é multas, para comer fruta sou roubado, na RTP só vejo é ladrões.
Mas contínuo a viver na mesma porque continuo a andar descalço.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
O pé descalço
Não têm preço....
As palavras ficam caras.
Não as que digo, mas as que guardo.
Espero sempre tanto dos outros,
Que guardo para mim o pior.
A vida devia ensinar.
Mas a lição demora aprender.
Mas vou continuar pelo caminho.
Mesmo que me perca.
por muito que grite por ajuda.
Ninguém irá ouvir o meu pensamento.
A voz nunca irá acertar.
As palavras serão duras.
E como pedras ficarão.
No meu pensamento pesadas.
O silêncio faz a mente funcionar.
Entre paredes e grades de ferro.
Os raios de luz iluminam.
E a viagem continua.
Na companhia das palavras.
Que carrego majestosamente.
Dando aos passos a força.
Para que a viagem seja longa.
Cheia de vontade de continuar
O caminho será longo.
O que custa vai ser justo.
As palavras não têm preço.
Por isso aqui ficam.
sábado, 21 de novembro de 2015
Aqui fui feliz
Olhando o mar penso nos momentos de felicidade vividos naquelas encostas. Onde os sonhos foram transformados em realidade.
Quando olhava para o mar, imaginava mundos que podia descobrir. À aventura ia, caminhando por entre pedras e arbustos, à descoberta de lugares desconhecidos. Os perigos eram reais e o medo surgia olhando as encostas íngremes. A cautela e a coragem unia-se, e a busca do desconhecido transformava a criança no navegador que enfrentava desafios nunca antes vividos.
E assim os dias eram vividos, com muita intensidade.
Os sonhos continuam, e a criança ainda vive.
Mas a olhar o mar fico em paz comigo, e penso....
Aqui fui feliz.
Logo se vê
Os desafios começam mal os pés assentam no chão e acabam quando me vou deitar.
Não consigo estar ausente das situações que enfrento durante o dia ou noite, mas consigo dizer a mim mesmo que preciso de descansar.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
POEMA PAI
SE ÉS HOMEM VALENTE
E SABES O QUE FAZES
VAI TUA À FRENTE
E NÃO MANDES OS RAPAZES
II
NÃO TENHAS LINGUA DE MATUJA
NÃO PASSES A VIDA A LAVAR
ROUPA SUJA
III
PARA DOS OUTROS EXIGIRES
CUMPRE PARA
FAZERES CUMPRIR
IV
BEM SEI QUE ÉS BOM MANDADOR
MANDA PARA EU DANÇAR
AQUI MANDAS BEM
MAS EM CASA OU NOUTRO LADO
ÉS MANDADO
V
TODOS FALAM EM MURMURA
SÓ EU NÃO A VI
ALGUNS FALAM DOS OUTROS
NÃO OLHAM PARA SI
VI
NÃO ME CHAMES ABREU
SÓ DEVES FAZER CRITICAS
QUANDO PASSAS
MELHOR QUE EU
VII
À PESSOAS BOAS? MAS SÓ DEMOSTRAM...
E MAL SE DESCUIDAMOS
FERRÃO-NOS A FACA NAS COSTAS
VIII
A VIDA SÃO DOIS DIAS
E VIVEMOS PARA VIVER
DEVEMOS DE FAZER
A NOSSA VIDA
E NA DOS OUTROS
NÃO SE METER-MOS
IX
SEJA POBRE, SEJA RICO
OU MESMO ARREMEDIADO, CADA QUAL
GOVERNA A SUA.
E ESTÁ TUDO ACABADO
X
AQUI VAI ESTES VERSOS
PARA NÃO OFENDER NINGUÉM,
QUEM USAR A CARAPUÇA
NÃO LHE FICA NADA BEM.
PROZA DE MEU PAI
Quando Deus formou o Mundo,
Palácio de grande altura,
muita gente lá penou,
outras forão para a sepultura.
Casa cheia tem fartura,
quem redobra tem seus sarilhos
correm as galinhas ao milho e na culpa ficam os pardais.
Todo Burro tem atafais, também tem estribos,
toda a gente vende figos para a calante das Raposas.
Lá no Mar andam Alcatrozes, também andam Gaivotas.
Ò Rapaz das pernas tortas, todos te chamão canejo,
vai-se as sezões com o desejo e a Frida com o inguento.
O moinho mói ao vento
a teia faz a aranha
ai que cantiga tamanha, que não tem cabo nem fim.
È um ramo de alecrim que se dá aos bens casados,
se eles forem unidos
por Deus serão ajudados
se forem mal unidos
por Deus serão castigados.
Faz-se as armas para os soldados, também para os caçadores.
Meninas que tem amores, ligeiras tem de andar
fez-se a gaita para tocar,
o pente para a cabeça
menina não enlouqueça, que feliz pode ser
todos dizem eu também digo,
que tem um tamanho seio, um nariz de quatro palmos e meio,
que dá para a bigorna de um ferrador,
cabeçalho de um carro ou queijado de um pastor.
João Libanio Miranda
terça-feira, 2 de junho de 2015
Festejar a vida.
Não estou sozinho.
Tenho tudo e nada.
E assim caminho.
Faço-me a estrada.
Caminho sem parar.
Nesta vida de fachada.
Mas quero aqui andar.
E alegria sentir.
Muito amor dar.
E o que posso pedir.
Se a vida me dá.
Ainda o poder de sorrir.